O livro
Uma história baseada nos vários diários pessoais de uma grávida e mãe, como que "uma mensagem numa garrafa", para dar esperança a outros, que passem por similar, para lhes transmitir que não estão sozinhos.
Uma linda história de amor, nascida quase nos primórdios da internet portuguesa, no velhinho mIrc da PTnet, dá origem a uma relação sólida e ao desejo mútuo de ter descendência.
A gravidez, que alguns não aceitavam, causando grandes guerras, fações e separações familiares, vem a revelar-se gemelar, com a descoberta de que, afinal, há histórico consanguíneo direto em serem mais do que um bebé, passando a ser acompanhada na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, onde aliás, também a autora nasceu, a principal instituição, mais equipada e mais antiga de Lisboa, na Consulta de Alto-Risco Gémeos.
A meio da gestação, um dos fetos falece, prosseguindo ainda assim, até ao final, no meio de muitas dúvidas e dramas, para que o outro gémeo possa sobreviver.
Durante a gravidez, é criado, um dos primeiros blogues portugueses, o fetal-blogue, com mais de metade dos textos, originários dos diários pessoais da gestante, que é acompanhado por muito mais pessoas do que a sua autora estava à espera, muitas delas, desconhecidas, que conseguiam chegar ao contacto, só para vir dar um beijo solidário e um abraço de apoio.
No final, nasce uma linda menina, prematura, com Síndrome de Down e que se transforma numa luz aos olhos da família, que a vai acompanhando nas suas muitas conquistas vida fora, batalhas mais ou menos lentas, que acabam superadas a bem.
Pelo meio, há a normalidade da vida de uma família corriqueira, o viver num pátio popular de Lisboa, as normalidades com os vizinhos, um parto, dramas e roturas familiares, escolas, consultas e exames, dentes de leite que caem nuns e nascem noutros, uma mudança de casa, o encontro com street-racers, um novo hobbie e a normalidade de uma nova vida cheia de batalhas a vencer e todas, passo a passo, superadas.
1º extrato
O Gui tinha estado comigo 2 horas à espera do médico, mas teve mesmo de voltar para o emprego, pelo que quando saí da ecografia, telefonei-lhe meio abananada e disse que tinha de passar por lá, para falar com ele:
― Isto não é nada do que estamos a pensar! Nada nada!
Ele apanhou um susto enorme, pensou num feto com 4 braços ou algo assim e, portanto, quando soube que eram gémeos, até chorou e riu à gargalhada, tudo ao mesmo tempo!
Depois, também por telefone, disse ao meu pai e ele ficou meio em choque, não percebia o que eu lhe estava a dizer, pois eu dizia:
— São dois bebés.
E ele: — Mas dois como?
— Gémeos?!?!?! Queres dizer dois gémeos?!?!?!
Já toda a gente, à volta dele, tinha percebido que eram gémeos e ele, ainda lhe custava a acreditar e claro que, pôs toda a gente, que ouvia a conversa, a rir.
2º extrato
Lisboa, 2 de junho de 2002 (domingo)
Domingo de paz, acho eu!
O Alex, foi hoje com o pai dele e o Gui, vai trabalhar às 14 horas e fico aqui sozinha com a minha cadela, a fazer nem sei o quê!
Fui beber um café e uma Água das Pedras, a ver se, não me dá para aí nenhum ataque de sono! O verão, parece que chegou, a época das mangas curtas e eu estou metida para dentro, calada e introspetiva, sozinha nos meus pensamentos e a querer sossego e silêncio à minha volta! Não sei o que tenho, não sei o que quero e, se quero ou, deixo de querer!
Às vezes, viver cansa e desgasta e não tem finalidade nenhuma! Talvez perpetuar a espécie, se é que isso afinal interessa para alguma coisa!
Se calhar estou apenas deprimida, não sei, se calhar são só as minhas hormonas a arranjarem um sítio para estar! Não faço ideia, tudo no meu corpo são alterações e coisas estranhas, o que afinal não interessa nada!
(...)
Se calhar, estou apenas com medo, por estar grávida, medo do futuro, aqueles medos que, só mesmo um ser humano pateta, pode ter!
Testemunhos

em preparação
Pedro André
(filho)

em preparação
Cristina Pedrada
(irmã)

em preparação.
Ana Vieira
Nome da empresa

em preparação.
Susana Portal
Nome da empresa

em preparação.
Nome de Teste
Nome da empresa
3º extrato
Lisboa, 16 de agosto de 2002 (6ª feira)
Começo a achar que esta gravidez, só por si, vai dar para encher na totalidade uns 2 ou 3 diários[1] pois, a cada dia, são dados e coisas novas, alegrias e tristezas e por aí fora.
A minha sorte é que reajo ao ralenti. (...)
Nesta quarta-feira fui ao médico, ao Dr. RR, meu médico de família desde sempre, que acompanhou ― e bem ― a gravidez do Alex e que agora também começou a acompanhar esta.
Quando se detetou que eram gémeos, tive mesmo de passar para a MAC, para a Consulta de Alto Risco Gémeos, mas ele quis que eu continuasse a ir lá de mês-a-mês, só para ver se vai tudo correndo bem e é ele que me atende ao telefone, a esclarecer as minhas dúvidas e tudo o que seja necessário.
Bem, fui lá esta 4ª feira à consulta de saúde materna, só porque monitorização a mais não faz mal a ninguém e ele sempre me acompanhou e bem. Quando ele vai ouvir o coração do bebé que está vivo, com a maquineta, apanha o primeiro e lá estava o som certinho e direitinho. Depois, coloca o aparelho no sítio onde está o outro e onde o ouvimos da primeira vez e não é que apanha o barulho de um segundo coração de bebé ali, a bater certinho e direitinho, tipo locomotiva?
Diz-me muito calmamente:
— Aqui está um e ali está outro!
Eu fiquei atónita a olhar para ele, tipo "ele esqueceu-se" e disse:
— Mas Dr. esse está morto já não se lembra?
E ele:
— Lembro-me muito bem, mas ouve-se!
Depois, abanou o microfone e disse que também com aquela maquineta nada é muito fiável e que podia ser o eco do coração do outro a bater na costela e a máquina a apanhar esse eco noutro sítio.
Bem, vamos pensar que é assim, porque, é sempre melhor aceitar o pior, nem que seja como defesa para as possíveis desilusões da vida.
[1] Em média, cada diário tem 300 folhas, ou seja, 600 páginas cada, costumo comprar aqueles com capas "mimosas", de adolescentes, às vezes com um pequeno cadeado que qualquer pessoa abre, mas a ideia é de a "rapariga" poder guardar os seus segredos. Claro que a haver, os meus cadeados nunca estão fechados.
ISBN
Livro: 979-829-36-1217-8
e-Book: 978-989-33-8153-3
IGAC
Autor: REG_NOME_LIT_ART 50/2025
Obra: OBRAS_LIT_ART 2025/1048
Depósito legal: 551267/25
Palavras Chave
#fetal-blog;
#Trissomia21;
#PrémioKindle;
#SíndromeDown,
#Gémeos;
#PerdaGestacional;
#Gravidez;
5º extrato
xxx

Margarida AF Matos
Autora sob pseudónimo
⭐⭐⭐⭐⭐
Nasceu em janeiro de 1971, em Lisboa, Portugal.
Aposentada, vive por escolha numa zona rural, de forma quase vegetariana, em contacto com os seus filhos, a natureza e os seus animais.
Frequentou o curso de agropecuária, nunca usado na vida profissional, exercida na área da informática, tendo sido programadora certificada.
Leitora compulsiva, escreve de rajada desde muito cedo.
Criou vários sites desde 1997 e o seu primeiro blogue em 2002. Segundo livro, sob pseudónimo, em edição independente.

Trabalhos
Autora
⭐⭐⭐⭐⭐
O Resgate do Zambujo
Diários de Uma Gravidez de Alto Risco
Livros
da Autora


6º extrato
Montijo, 22 de dezembro de 2003 (2ª feira)
Hoje foi a festa de Natal da escola da Ana Maria...
Houve uma pequena peça, com o nascimento de Jesus e ela e os meninos da turma dela, os mais pequeninos, foram fazer de presentes do Jesus... as fotos não estão grande coisa, pois foram tiradas com o meu caixotinho digital (desculpa maquininha que tanto me tens safado), mas dá mais ou menos para perceber... a cara dela é a única que está nítida. 😊
Ela D E T E S T O U quando lhe puseram o laçarote ao pescoço... berrou a sério, mas depois viu que aquilo até era engraçado, desfez o laço e passou toda a festa a puxar pelas fitas, a brincar com elas e claro está.... a metê-las na boca. 😊
Por acaso, a ideia deste presépio estava muito engraçada, o cenário e as roupas estavam mesmo muito bonitos, o Jesus era, como não podia deixar de ser, a menina mais pequenina com Trissomia 21... acho que não houve pessoa, ali presente, que não tenha gostado. 😊
Depois, passou-se do auditório da Junta de Freguesia para a escola e apareceu um Pai Natal... OK... era mais uma Pai Natal... a distribuir prendas... como muitos bebés (e alguns mais velhos), a Ana Maria, assim que ela se aproximou, gritou, assustada que nem uma doida... mas, passado algum tempo de observação atenta e constante, até concluiu que as barbas serviam para puxar, que o fato vermelho era engraçado e começou a estender as mãozitas para aquela figura, 😊 penso que também lhe deve ter reconhecido a voz... enfim, o que interessa é que gostou do presente, um livro em pano.
Depois foi o lanche para toda a gente. 😊
O meu pai também foi e acho que lhe fez muitíssimo bem ver tantos meninos com Trissomia 21, ali a correr no meio da festa. 😊 É óbvio que ele gosta muito da Ana Maria e aceita a Ana Maria como ela é, mas acho que nunca tinha estado naquele ambiente, com tantos meninos e meninas assim, falado com os pais e mães como agora e isso é muito bom para quem está relacionado com estas crianças.